Soñador

Sei que nem todo mundo gosta de filmes que sejam extremamente açucarados, ou que contem histórias de amizade entre os humanos e os animais. Na verdade, a maioria desses filmes segue a mesma fórmula, com um final feliz sempre dentro do esperado. Devo dizer que com o filme Sonhadora (Dreamer, EUA/ 2005) , do diretor John Gatins, não é diferente. No entanto, a história simples de amor que uma garotinha (Dakota Fanning que interpreta Cale Crane) desenvolve por uma égua de corrida, esconde pequenos ensinamentos e lições de vida que nos esquecemos no dia a dia.

O filme é baseado na história real de uma menina e seu pai que resolvem criar uma égua de corrida que fraturou o metatarso. O cavalo, uma grande campeã, estava fadada a ser sacrificada, mas o pai de Cale resolve ficar com ela e tentar recuperá-la. Evidente que o roteiro desenvolve-se de maneira previsível, mas o diretor soube não exagerar na dose de pieguice entre a menina e o animal, o que deixou o filme mais "maduro".

A química ente Dakota Fanning e Kurt Russel (que interpreta seu pai, Bob Crane) é impressionante. Os dois estão muito bem nos seus papéis e a fotografia do filme é muito bonita. A trilha sonora, com participação do violinista Joshua Bell, é um capitulo à parte. É simplesmente linda, suave e envolvente. A música de Bethany Dillon tb é bacana.

O mais legal em toda a história é a mensagem simples e sutil que o filme nos desperta (apesar que eu acho que apenas algumas pessoas vejam isso). O filme fala sobre como, muitas vezes em nossas vidas, tudo aquilo que precisamos para seguir em frente e vencer é alguém que acredite em nós. Uma pessoa que aposte e que arrisque em nós e, mais importante que isso, que tenhamos a coragem de arriscar tudo o que temos em busca daquilo que acreditamos como nossa verdade. Ainda que o resultado seja totalmente incerto, é a capacidade de acreditar e de sonhar que nos faz viver. E daí é que surgem as melhores e mais marcantes experiências que levaremos conosco em nossa jornada.

Claro que eu me matei de chorar no filme, pois fala de cavalos e eu sempre choro em qualquer filme que tenha animais no meio. O filme é doce, poético, sensível, mas não é e nem almeja ser uma grande obra de arte. É apenas um bom filme, com bons atores, uma boa trilha sonora e que vale a pena pagar para assistir e tirar suas próprias conclusões, sobre como um simples e silêncioso animal, que estava destinado a ser um "peso morto" pode trazer vida, mudanças, paixão e vitória para um emaranhado de pessoas que se inter-relacionavam e como, várias vezes em nossas vidas, desejamos largar tudo, ir pelo caminho mais fácil, ignorar os sinais e escolher pelo conforto e acomodação. O filme mostra o preço de fazer a escolha pelo mais certo e monótono, ou pelo arriscado e emocionante. Repare bem no momento em que Cale recusa o cheque do vilão da história...ali, ela faz uma escolha e, apesar de todos os riscos e de todas as dúvidas, é apoiada por pessoas que acreditam nela. Assim como Sonhadora (a égua) precisava apenas ouvir de Bob Crane (pai de Cale) que ela era uma campeã. E vc, acredita em seu poder pessoal?

Para mais informações, acesse o site do filme.

** (ah, curiosidade, o estúdio só aceitou bancar o filme, depois de Dakota confirmar sua participação nele. Sábia decisão!)